Vereadores da Comissão de Educação da Casa Legislativa e profissionais da área debateram sobre o retorno às aulas presenciais nas escolas estaduais do município de Patos de Minas.
A Comissão de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (CECTEL) da Câmara Municipal de Patos de Minas realizou, na tarde dessa quinta-feira (1º/7), uma audiência pública para discussão sobre o retorno às aulas presenciais nas escolas estaduais do município de Patos de Minas. O encontro contou com a participação dos membros titulares Elizabeth Maria Nascimento e Silva (presidente), Daniel Amorim Gomes e João Batista Gonçalves – Cabo Batista e do suplente Vitor Porto Fonseca Gonçalves. Também estiveram presentes o presidente da Casa Legislativa, vereador Ezequiel Macedo e os vereadores Itamar André dos Santos e João Batista de Oliveira - João Marra.
Além dos parlamentares citados, a audiência pública contou com a participação do superintendente regional de ensino, Carlos José Coimbra; dos representantes do Sind-UTE Patos de Minas, Ricardo Barreto (presidente) e Edna Soares; da diretora da Escola Estadual Cônego Getúlio, Walterni Porto; da diretora da Escola Estadual Professor Modesto, Lívia Anjos; da diretora da Escola Estadual Guiomar de Melo, Fabiana Alves de Lima; e da diretora da Escola Municipal Maria Inêz Rubinger de Queiroz Rodrigues, Elenir Abadia. A secretária municipal de saúde, Ana Carolina Magalhães Caixeta, também foi convidada, porém estava em viagem e não pôde comparecer à audiência.
Durante a audiência pública, as opiniões ficaram divididas sobre o retorno às aulas presenciais nas escolas estaduais do Município de Patos de Minas. De acordo com o vereador Professor Daniel Gomes, a intenção do encontro é dialogar com os envolvidos no processo e ouvir as principais demandas da área, na tentativa de juntos chegarem a um denominador comum.
Na ocasião, osuperintendente regional de ensino, Carlos Coimbra, relatou que o governo estadual enviou uma planilha para as secretarias contendo as demandas necessárias para que as escolas pudessem voltar ao funcionamento. Segundo ele, as cidades que retornaram às aulas presenciais durante a Onda Amarela foram Patos de Minas, Carmo do Paranaíba e Presidente Olegário. Os municípios de São Gonçalo do Abaeté, Lagamar, Rio Paranaíba e São Gotardo ainda não puderam voltar devido aos decretos municipais impeditivos.
De acordo com o superintendente, todas as escolas passaram por uma checagem para confirmar se estavam preparadas e obedecendo aos protocolos de segurança para o retorno às aulas. Além disso, todos os pais responderam um questionário, permitindo ou não o retorno de seus filhos. Ele visitou as escolas dos três anos iniciais da manhã em Patos de Minas para verificar como estava acontecendo o retorno e como os alunos estavam se sentindo. “Hoje eu fiquei encantado ao ver a preparação das escolas e o quanto os alunos estão felizes. Quando cheguei na primeira escola, fui nas salas e perguntei aos alunos se eles estavam com saudade da escola, eles gritaram de alegria. Foi muito emocionante”, acentuou Carlos.
Conforme informações dos representantes da educação, as escolas estaduais estão funcionando de forma escalonada e o número de alunos permitido dentro da sala de aula é organizado de acordo com a metragem das salas. Além disso, as escolas estão realizando um rodízio entre os alunos, sendo uma semana na escola, uma semana em casa. Conforme o superintendente, os diretores têm realizado contato constante com os pais para manter o controle. “Caso algum aluno apresente sintomas gripais, os pais não devem mandá-lo para a escola e caso aconteça de algum aluno testar positivo, toda turma será suspensa”, explicou Carlos.
Dentre os vários questionamentos feitos pela presidente da Comissão de Educação, professora Beth, ela indagou sobre a situação do transporte dos alunos da zona rural. Segundo o superintendente, o transporte está acontecendo normalmente. “Como retornaram somente os anos iniciais (1º ao 5º), apenas os distritos de Major Porto e Santana possuem essas turmas. Diante disso, o número de alunos é pequeno”, esclareceu Carlos.
O vereador Vitor Porto, membro da Comissão de Educação,também realizou vários apontamentos. Dentre eles, Vitor questionou aos diretores presentes sobre o nível de satisfação deles diante desse retorno. A diretora da Escola Estadual Cônego Getúlio, Walterni Porto, então declarou estar vivendo um misto de sentimentos. “Não vamos esconder que não temos inseguranças perante o retorno […] mas não posso esconder a alegria em recebê-los”, destacou. Segundo ela, a escola necessita de dois pontos importantes, quais sejam: o aumento de recursos humanos para melhor atenderaos alunos que estão em casa e a obtenção de internet de qualidade para transmitir as aulas em tempo real para os alunos. Walterni afirmou, ainda, que as escolas receberam verbas para aquisição de alguns materiais e equipamentos de proteção individual – EPI’s para equipar a rede física e os profissionais.
Já o vereador Cabo Batista questionou sobre o andamento da vacinação de professores e servidores das escolas.De acordo com o superintendente, todos foram vacinados com a 1ª dose e a 2ª dose será aplicada em setembro. Carlos afirmou que 97% dos profissionais foram vacinados e relatou que houve casos de pessoas que se negaram a vacinar. Além disso,o superintendente esclareceu que apenas os funcionários que possuem fatores de risco permaneceram em casa e, assim, houve contratações para substituir essas pessoas. Ainda segundo Carlos Coimbra, todos os dias eles preenchem uma planilha informando à secretaria se houve qualquer suspeita e qual a medida tomada pela direção da escola para melhor monitoramento.
Por sua vez, Walterni Porto destacou que os portões de entrada dos alunos são diferentes do portão de entrada dos funcionários. Além disso, todos passam por uma triagem para medição da temperatura para adentrar à escola e verificação de interesse ao lanche disponibilizado. Outro ponto citado por ela é que os alunos fazem o horário do lanche em sala de aula, nas respectivas mesas.
O vereador Vitor Porto também questionou sobre como está a situação dos alunos que permanecem em casa e se eles tem acesso às aulas. De acordo com o superintendente, os alunos seguem estudando em casa e realizando atividades fornecidas pelos professores, mas não assistem às aulas em tempo real, “pois as escolas não possuem sistema multimídia”. Segundo Carlos, os alunos possuem acesso ao Conexão Escola 2.0, programa com salas virtuais e professores para esclarecer as dúvidas dos alunos. Segundo o vereador Professor Daniel, há falta de investimentos do Estado com internet, o que limita o aprendizado dos alunos.
Na oportunidade, opresidente Sind-UTE Patos de Minas, Ricardo Barreto, expôs o receio e preocupação com o retorno às aulas presenciais, visto que, segundo ele, já foram registrados casos de contaminação de servidores dentro das escolas em Patos de Minas. “Nesse momento, eu alertaria aos pais para não mandarem seus filhos para a escola porque existe o risco de contaminação”, acentuou Ricardo. Segundo ele, o Sind-UTE não esperava esse retorno imediato e existem detalhes que precisam ser vistos não só pelos inspetores, diretores “porque eles ficam acoados de dar uma negativa […] Eu falo isso não pelo posicionamento de Patos de Minas, mas sim, de Minas Gerais”, destacou o presidente.
Ricardo Barreto afirmou, ainda, que as aulas em sistemas híbridos não acontecem como deveriam. “O aluno vai para a escola, tem atividades com o professor, outra turma fica desamparada em casa. Um sistema que não funciona. Não está agregando em nada.”, enfatizou. Ele elogiou o trabalho e o desempenho dos professores, que, mesmo sem recursos tecnológicos, internet e equipamentos de qualidade, estão oferecendo o melhor que podem aos seus alunos. Na oportunidade, opresidente do Sind-UTE apresentou dados e exemplos de casos de contaminação nas escolas, mesmo respeitando todos os protocolos de segurança. “Eu afirmo que protocolo não garante segurança nenhuma para alunos, professores e pais. […] O que salva vidas hoje é o isolamento social e vacina no braço”, acentuou Ricardo. Ele citou também o medo que os professores e servidores vêm enfrentando por causa desse retorno.
Por sua vez, a diretora da Escola Estadual Guiomar de Melo, Fabiana Alves de Lima,afirmou que a escola foi contemplada com a contratação de 2 professores de Língua Portuguesa e 2 professores de Matemática para o reforço escolar para alunos que deixaram de realizar atividades no ano anterior. “Assim, auxiliam o aluno a acompanhar o ensino atual”.
A diretora da Escola Estadual Professor Modesto, Lívia Anjos, explicou como estão acontecendo os atendimentos das escolas e afirmou que são 35% dos alunos atendidos em dois turnos com rodízio. “Não vamos florear de que isso é 100% para a educação. Não está perfeito, mas as crianças estão sendo bem atendidas”, acentuou Lívia.
A diretora da Escola Municipal Maria InêzRubinger de Queiroz Rodrigues, Elenir Abadiam, esteve presente na reunião, porém as aulas da rede municipal estão prevista para o dia 02 de agosto. Segundo ela, as escolas estão sendo preparadas para esse retorno.
Diante do exposto, uma das profissionais de educação presentes manifestou que “é evidente o descaso do governo estadual com a educação”. Além disso, os profissionais declararam que, apesar da alegria em reencontrar os alunos, tanto os professores quanto os demais funcionários continuam com medo da contaminação, além da sobrecarga que esse novo método de ensino tem causado aos educadores. “Temos trabalhado praticamente 24 horas por dia, dando aulas, ajudando os alunos e atendendo aos pais em qualquer horário do dia”, relatou uma das diretoras. Ao final, os representantes da Sind-UTE reforçaram que “o mais seguro para todos é o distanciamento e não a volta às aulas”.
Por fim, diante dos inúmeros apontamentos e opiniões distintas, os membros da Comissão de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (CECTEL) registraram todas as informações e farão uma análise do conteúdo apresentado.
Autor: Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Patos de Minas.