O Grito do Paranaíba
A visita de inspeção ao Rio Paranaíba, realizada no último dia 12 de setembro, durou mais de 6 horas e mostrou a triste realidade do poluído Rio Paranaíba, no trecho que corta Patos de Minas.
De acordo com a etimologia, Paranaíba é um termo da língua geral meridional que significa "rio ruim": paraná, rio + aíba, ruim. Contrariando essa definição etimológica, o Rio Paranaíba é bom e tem feito muito bem às populações que se abastecem de suas águas.
Nasce na serra da Mata da Corda, no município de Rio Paranaíba, no estado de Minas Gerais, na altitude de 1.148 metros. Do outro lado desta serra, encontram-se as nascentes do Rio Abaeté, afluente do Rio São Francisco. Seu curso tem aproximadamente 1.170 quilômetros, até a junção ao Rio Grande, onde ambos passam a formar o Rio Paraná, no ponto que marca o encontro entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. A partir dos municípios de Coromandel e Guarda-Mor, o Rio Paranaíba forma a divisa natural de Minas Gerais com Goiás e, já próximo de sua foz, de Minas Gerais com Mato Grosso do Sul. Exatamente por isso, é um rio federal.
Cruza o município de Patos de Minas numa altitude de 770 metros, recebendo pequenos afluentes que descem do espigão do Magalhães e da Serra do Barbaça, contrafortes da serra da Mata da Corda. Infelizmente, é aqui que o Rio Paranaíba apresenta o maior grau de contaminação nos dias atuais, fato constatado na recente expedição formada por autoridades municipais e imprensa.
Não é para menos, afinal produtos químicos utilizados na agricultura, dejetos, lixo de natureza diversa, entulhos e todo tipo de poluentes são jogados em seu leito pela população das cidades ribeirinhas, especialmente no Município de Patos de Minas. Suas margens estão comprometidas pelo desmatamento em uma grande extensão. Seu leito está assoreado, a água escassa e poluída pela grande quantidade de esgoto não tratado que recebe diariamente. Em alguns trechos o mal cheiro é insuportável. A navegação está grandemente prejudicada pelo assoreamento causado pela grande quantidade de galhos caídos e pelas pedras à mostra, devido à pouquíssima quantidade de água em seu leito. Os peixes que ainda restam, perdem a luta pelo minguado oxigênio e acabam tendo vida curta. Os pescadores profissionais são cada vez mais raros às suas margens. A chuva rara conspira para piorar a situação do antes imponente e hoje combalido Rio Paranaíba.
Como se não bastasse, é possível ver áreas de pastagens margeando o leito e equipamentos de captação de água para abastecer pivôs instalados em plantações próximas.
Essa é a triste realidade do Rio Paranaíba, constatada na expedição ao local pelos Vereadores de Patos de Minas, Mauri Sérgio Rodrigues (Mauri da JL) (autor da iniciativa), Edimê Erlinda de Lima Avelar, Isaías Martins de Oliveira, Maria Beatriz de Castro Alves Savassi (Béia Savassi), Maria Dalva da Mota Azevedo (Dalva Mota), Nivaldo Tavares dos Santos e Walter Geraldo de Araújo (Waltinho da Polícia Civil). Também estiveram presentes o Vice-Prefeito Paulo Roberto Mota, o ambientalista e Vice-Presidente do Codema Wilson José da Silva, o Assessor de Comunicação da Câmara Municipal José Afonso da Silva e diversos profissionais da imprensa local, distribuídos em quatro embarcações, mesmo a navegação estando grandemente prejudicada conforme relatado acima. Em diversos pontos do trajeto, os barcos tiveram que ser carregados ou empurrados.
A comitiva contou com o indispensável suporte da 4ª Companhia de Bombeiros Militar e da 10ª Cia. de Meio Ambiente e Trânsito da Polícia Militar de Patos de Minas.
O Paranaíba grita por socorro. E se não houver uma ação conjunta urgente do poder público e da população, passaremos a ter, quem sabe num futuro próximo, em vez do rio, apenas um esgoto a céu aberto. A Copasa tem culpa pela demora em tratar o esgoto da cidade, mas a responsabilidade é de todos. O lixo depositado no leito do rio é lançado pela própria população. O negócio então é recuperar e preservar, ou então não fazer nada e sofrer as consequências funestas que, certamente, se estenderão aos nossos filhos, netos e quem mais vier depois de nós.
Conclusão: o Rio Paranaíba não é ruim. Nós é que o estamos transformando em algo ruim. Apesar de tudo, se quisermos, ele tem salvação. E salvar o Paranaíba implica preservar nossa própria vida.
Autor: Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Patos de Minas.